Hoje tive reunião de final de período na escola dos meus filhos. Quando ía a sair, perguntei a uma auxiliar se os meus filhos já tinham saído com o Pai, que os iria buscar enquanto eu estaria na reunião. A senhora, já com alguma idade, desabafou então um: "- Também tenho de sair para ir buscar o meu neto até às 19:00h. É que eu é que sou a encarregada dele, que está comigo desde bebé. A mãe foi-se embora quando ele só tinha 3 meses, e nunca mais quis saber dele. Por isso, sou a mãe e a avó dele". Não consegui disfarçar o ar estupefacto com que fiquei a ouvir aquela história. Ainda tive de deixar sair um: "- Bolas, como é possível deixar um filho assim tão pequeno? Eu que nem sou capaz de os deixar para ir ter uns dias de férias em descanso...."
Vim-me embora, e vim o caminho todo a pensar naquela vida. E em como por vezes, por estarmos tão absortos nas nossas vidinhas, e na nossa normalidade do nosso mundinho sempre mais ou menos com o mesmo tipo de comportamentos de quem nos rodeia, nem fazemos ideia do que existe por aí. Das vidas duras e difíceis de certas pessoas. Sinceramente, mães a deixarem os filhos bebés, pensei que já só acontecia em novelas. O que será que pensa aquela criança quando lhe dizem que a mãe se foi embora? O que sente aquela criança ao ver todas as mães babadas dos amigos, dos mimos que lhe faltam, do colinho sempre à mão dos outros, do afeto de alguém tão próximo como uma mãe e que, por mais que a avó seja mãe duas vezes, uma mãe será sempre uma falta atroz na vida daquela criança.
Enfim... às vezes as histórias da vida real dão-nos uma valente bofetada para percebermos o mundo em que vivemos, e a sorte de termos uma vida considerada normal.
Meus ricos meninos.
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