quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Natalidade por um canudo

Hoje ao almoço, em conversa com um colega que está há pouco tempo na empresa, perguntei-lhe inocentemente se ele já tinha filhos. Disse-me que não, mas vontade não lhe faltava. Disse que precisava da genética para conceber um filho dado que tem um problema identificado e vai precisar de fazer fertilização in vitro para ter o tão desejado filho com a sua mulher.
Com a continuação da conversa (e confesso que fiquei admirada com tanta frontalidade e naturalidade a falar do assunto), disse-lhe que infelizmente hoje em dia era cada vez mais frequente esse tipo de situações, na minha também tentativa de tornar a conversa o mais natural possível. Disse-me então que tinha o tratamento já em casa, programado para fazer em Janeiro, mas teve de cancelar tudo porque o estado acabou com as ajudas aos casais inférteis. Agora, para continuar vai precisar de 5.000€.
Fiquei simplesmente abismada com esta afirmação, dado que me lembro perfeitamente quando o Estado resolveu (finalmente) apoiar financeiramente este tipo de tratamentos (e foi há muito pouco tempo após anos e anos de lutas por parte dos casais e associações de apoio à infertilidade), mas não sabia que tinha já deixado esta ajuda. É realmente incrível.
Tantos anos de luta para conseguir finalmente uma ajuda a tratamentos caríssimos e, à primeira dificuldade é logo onde resolvem cortar.

Não estamos num País onde a população está preocupantemente envelhecida?
Não estamos num País onde a taxa de Natalidade decresce abruptamente a cada ano que passa?
Não estamos num País com a segurança social à beira da ruptura?
Não estamos num País no qual o Presidente da República veio a público dizer "Mas o que é que eu preciso fazer para que nasçam mais bebés em Portugal" ?
Não estamos num País cujo Primeiro Ministro apregoa a todos os ventos que lançou nos seus mandatos uma série de medidas de apoio à natalidade?

Custa-me muito perceber esta situação. Principalmente porque acho que a baixa de natalidade em Portugal é um problema realmente sério e com consequências catastróficas num futuro não muito distante.

Nenhum comentário: