segunda-feira, 17 de junho de 2013

O médico, O professor e o Padre

Em tempos antigos, daqueles que já lá vão, nas aldeias portuguesas reinava o respeito e a admiração por 3 figuras que normalmente dominavam a terra. Eram eles o médico, indivíduo respeitado como o salvador dos doentes, aquele que aplicava os conhecimentos em nome da saúde de toda a população, o professor, pessoa dotada de sabedoria e que transmitia cultura e conhecimento a todos os que por ele passassem, e o padre. Essa figura santa que movimentava o rebanho da sua paróquia, em prol de uma sociedade amiga e crente, de manifestos atos cristãos e de unidade religiosa.
Lembrei-me disto porque este fim de semana, enquanto passeávamos por Unhais da Serra, vimos por várias vezes alusão ao médico que outrora ali vivera, e que fundara as termas que agora residem no hotel. E fazendo uma ligeira comparação, assim muito rápida aos dias de hoje, o que dizemos e sentimos agora acerca destas 3 personagens?
Aos médicos, atribuímos-lhes muitas vezes arrogância, pedantismo e extorsão de dinheiro nos seus consultórios privados, já para não falar da incompetência e falta de conhecimentos que alguns acabam por mostrar ter. Aos professores, é ver o que se passa hoje em dia, com uma falta de respeito brutal tanto de alunos como de pais, e onde uma profissão outrora tão digna e respeitada, não passa aos dias de hoje de uma ocupação de 2ª, muitas vezes de um escape a um desemprego certo de um curso sem saída profissional. Ao padre...bom, ao padre, quase nem é preciso dizer nada. Desde a falta de fé e de credibilidade cristã, aos consecutivos escândalos pedófilos, que dizer acerca da falta de popularidade desta atividade em vias de extinção?
Não sei se isto será apenas triste, ou um dos resultados de uma evolução cultural e onde a informação flui a uma velocidade estonteante.
O que sei é que deixaram de haver ideais. Individualidades que possamos seguir, valorizar e bajular no sentido saudável de nos identificarmos com alguém que faz algo de bom em prol da sociedade na qual nos inserimos. E esta falta de identificação com personalidades, esta falta de ideais sejam eles mais circunscritos à nossa localidade, ou mais amplos à sociedade civil, não traz, definitivamente, nada de bom. Andamos perdidos, não acreditamos em nada, não valorizamos a vida nem a simplicidade do simplesmente ser e viver em comunidade. Nem médico, nem professor, nem padre. Nem estes, nem ninguém!

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