Há uns meses, vi um programa na TV que entrevistava o famoso médico Nuno Lobo Antunes. Nessa entrevista, referiu que há uns anos atrás, quando tinha voltado dos Estados Unidos há pouco tempo, foi trabalhar para um hospital mas que, pouco tempo depois, regressou de novo para os Estados Unidos. Interrogado sobre esse volte-face, este explicou que havia pessoas que puxavam uma carroça sozinha durante anos, lutando contra muitas forças no seu local de trabalho, para levar a água ao seu moínho. Mas que ele, não era uma delas. Não se considerava uma pessoa capaz de andar sozinho em sentido contrário dos outros, pelo que resolveu voltar a trabalhar nos Estados Unidos onde podia trabalhar à vontade sem ter de andar a puxar nada para o lado contrário.
Desde então, tenho-me lembrado inúmeras vezes deste discurso. Porque eu, sei identificar perfeitamente do que ele estava a falar. Tanto sei, que descobri pelas suas palavras, que puxo sozinha uma carroça há 5 anos.
É este o panorâma de muitos locais de trabalho. Não há junção de ideias, união de esforços, trabalho de equipa. Há, cada um para seu lado, cada qual a provar que tem de ter mais poder que o outro, uma luta contínua de galos a tentar dar o salto para o poleiro. Poleiro esse, para o qual não têm pernas suficientemente grandes para o alcançar, nem crista de inteligência suficiente que os faça merecer tal estatuto.
É isso, portanto, que eu sou. Uma puxa-carroças! Ao longo dos últimos 5 anos, tenho ido arranjar alguns reforços para me olear as rodas e me ajudar a folgar os braços em alguns momentos, mas de resto, cá ando!
A puxar uma carroça para a qual, afinal, nem todos têm força suficiente.
Um comentário:
é o que mais tem na minha grande cidade de São Paulo..............
beijocas
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