quarta-feira, 13 de abril de 2016

Cada um deita-se na cama que faz...

Um velho e sábio ditado que tantas vezes proferimos, por desejo que venha a acontecer a alguém ou porque constatamos certos factos da vida quotidiana. 
Nos últimos dias tenho assistido a uma queda valente de alguém que me está relativamente próximo profissionalmente. Uma pessoa que todos queriam ver no chão já há muito tempo mas que, por questões políticas, proteções estranhas, ou outro motivo qualquer que desconhecíamos, continuava de pedra e cal no cargo que ocupava. Fazia mal a tudo e a todos, era incompetente, causou vários danos à organização, mas,  apesar de tudo, lá continuava na sua vidinha, olhando de cima os demais que a queriam ver pelas costas. Até que finalmente aconteceu. Mais vale tarde do que nunca, e finalmente houve capacidade ou possibilidade (não sei bem) de a afastarem dali para fora. Reina um ar de felicidade na generalidade, um sabor a vingança, a dever cumprido. E hoje, como por acaso acabei por me cruzar com esta pessoa, só olhar para o seu rosto combalido deu-me pena. Muita pena! É verdade que quando se faz mal a muita gente durante muito tempo, é certo que algum dia a coisa acaba mal. Pode tardar (que foi bem o caso), mas acaba por acontecer, porque a vida tem de continuar e há coisas demasiado evidentes que tornam esse caminho incompatível. Mas continuando.... Não sei se é das minhas meditações sobre compaixão, não sei se é da meditação e da contemplação em geral, mas continuo com uma pena imensa. As minhas colegas admiram-se e perguntam como posso ter pena de alguém que fez tanto mal, mas a verdade é que não sei até que ponto estas pessoas têm consciência do mal que andam a fazer. Que mágoas têm, que vidas tiveram de viver, que realidades enfrentam diariamente, que frustrações lhes entopem a vida. E por isso, e porque não sei qual será o outro lado que desconhecemos, custa-me ver esta vida real agora dar-lhe uma bofetada tão dura e forte como a que vi. Mas o que é certo e que o ditado se concretizou. Acabou por se deitar mesmo na cama que fez durante tantos anos :(

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu percebo-a pq sou incapaz de me sentir feliz ou bem, por ver alguem desabar mesmo q me tenha feito mal. Não me considero burra nem coitadinha por ser assim.
Simplesmente acho mesmo q os seus colegas se se sentem bem com isso, são exactamente iguais ao q caíu..só nunca tiveram na posição do poder.